Usar a expressão “atentado a bomba” para descrever o que se passou no Instituto Lula é pura histeria

Leio por ai que o Instituto Lula foi vítima de um “atentado a bomba”. Não sei vocês, mas quando eu leio “ataque a bomba” e “atendado a bomba”, me remeto a malas ou mochilas escuras deixadas ao relento em parques e restaurantes. Me remeto a operações anti-bomba, isolamento de área, robôs sendo usados para desarmar dispositivos explosivos. Me remeto igualmente ao Oriente Médio, com fanáticos islâmicos usando o corpo e carros para explodir ambientes públicos e forças ocidentais.

Quando a sede da Editora Abril foi atacada por militantes da União da Juventude Socialista, ninguém no jornalismo se referiu a coisa como atentado. Quando integrantes do MST depredaram laboratórios e fazendas produtivas, ninguém no jornalismo se referiu a coisa como atentado. O fato é que aliados e simpatizantes de Lula já fizeram coisas bem piores a outras propriedades privadas e jamais foram descritos pelo noticiário com expressões tão fortes como “atentado”.

Ao comparar as expressões usadas pelo noticiário com as imagens dos danos ocasionados no referido instituto só podemos chegar a conclusão de que se trata de pura histeria, de um ridículo e de um despropósito. No máximo o Instituto Lula foi alvo de vandalismo. A narrativa dada pelos jornalistas parece construída para vitimizar o ex-presidente, como se ele estivesse sob ameaça de trogloditas e selvagens anti-petistas.

Atentado
 O “atentado a bomba” no Instituto Lula e o atentado a bomba no Oklahoma City

“O PT deveria ser proscrito”, diz Paulo Moura em entrevista ao Confronto

No Confronto, programa que ancoro na Rádio Sonora, entrevistei o cientista político e professor Paulo Moura, que falou sobre a crise política. Em sua analise, Moura afirmou que as denúncias contra Lula são “devastadoras para o PT”, e que partido deveria ser “proscrito”.

Confiram a íntegra da edição:

O jornalismo para lá de porco de Ilimar Franco

Por causa do meu amigo Alexandre Borges, li a coluna do Ilimar Franco, publicada no último domingo no jornal O Globo. Raras vezes topei com coisa tão baixa e vil publicada em um grande veículo. A coisa piorou consideravelmente nas respostas que tive aos comentários que enviei ao referido jornalista, onde fica patente o conceito porco que ele tem do que é sua profissão. Confiram seu texto e nossa debate por e-mail:

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Eu –
Tive o infortúnio de topar com sua coluna de hoje no jornal O Globo. Minha sorte foi ter sido bem depois da refeição. Fazia tempo que não lia algo tão mendaz na imprensa. O senhor escreve, sem medo do ridículo, que os grupos contra o governo que organizaram os protestos do dia 15 de março vão às ruas contra “os nordestinos, os sem-teto e alguns usam símbolos nazistas”. Associar o MBL, o Vem Pra Rua e o Revoltados On-line a essas bandeiras criminosas é um ato criminoso. Seu texto é pura difamação, calúnia e imputação de crime. Um jornal sério o demitiria sumariamente. Os brasileiros que protestam nas ruas estão lá de forma ordeira, sem arruaça, sem depredação, sem inviabilizar a vida dos outros, para pedir o fim constitucional do governo criminoso do qual o senhor parece ser torcedor fanático. O Brasil precisa ser limpo, das estatais aparelhadas pelos petistas até certo jornalismo emporcalhado pelos Ilimares.

Ilimiar – Caro Guilherme , obrigado pela leitura e por ter escrito. As manifestações vão ocorrer independente do que se escreva sobre elas. Nossa intenção foi a de demonstrar que há espaço político para uma candidatura de Bolsonaro. Nunca pretendemos equiparar sua postura política a extremos. Mas ele existe e o favorecem. Assim como há setores moderados que o apoiam.

Eu – Sr. Ilimar Franco. Não deturpe o alvo de meu comentário. Não entrei no mérito da candidatura de Bolsonaro. Meu comentário é sobre sua ilação aos grupos que organizaram os protestos do dia 15 de março e 12 de abril. O senhor atribui a esses grupos pautas que eles não defendem. Da onde você tirou que eles atacam nordestinos e os sem-teto, ou que usam símbolos nazistas? Quais provas o senhor tem para fazer esses comentários? Sua analise da viabilidade de Bolsonaro é mero enfeite para demonizar e caracterizar os movimentos contra o governo como radicais, preconceituosos e adeptos do eugenismo social.  O senhor chama de jornalismo esse tipo de abordagem canalha e mentirosa?

IlimiarCaro Guilherme, as informações se baseiam nas publicações feitas pela imprensa. Não há enfeites nem estas organizações constituem o tema central da nota publicada. A reação raivosa a essas informações talvez sejam reveladoras.

Eu – Ilimar Franco, o senhor é jornalista. Está dizendo que sua fonte de informação são outros veículos de informação? O senhor não conhece fontes primárias? Se o senhor está falando sobre as pautas dos movimentos, deve ir atrás do que eles propõe objetivamente, não do que foi dito que eles propõe. Isso não é jornalismo, é copia e cola. Por fim, não importa qual seja o tema de sua coluna, o que importa é a forma com que aborda esses assuntos, sendo eles principais ou secundários. Por fim, a única coisa que a minha “reação raivosa” revela é a desonestidade intelectual do seu texto.
P.S 1 – Acho engraçado esse seu estilo cordial, cobrando bons modos e parcimônia enquanto, na sua coluna, sai a escrever coisas que poderiam facilmente ser enquadradas como injúria e difamação. Não há nada mais raivoso do que demonizar quem discordamos. 
P.S 2 – Já que sua fonte são “publicações feitas pela imprensa”, tomo a liberdade de colocar os links para as reivindicações dos movimentos que o senhor deturpou. Se encontrar ali qualquer menção a nordestinos ou símbolos nazistas, favor me informar.
http://www.movimentobrasillivre.org/#!manifesto/c1k0w
http://vemprarua.org/o-manifesto

O impeachment nos fará bem

Em 1992, o Brasil vivia um momento muito parecido com esse que está tendo agora. Uma enorme crise política, recheada de graves crimes cometidos contra o erário, somada a um ambiente econômico danoso aos brasileiros. Troquem Collor por Dilma e aumentem o apetite por cafajestagem dos integrantes do governo e teremos o mesmo cenário.  O “Caçador de Marajás” capitulou. Passa da hora de ocorrer o mesmo com a “Mãe do PAC”.

É preciso deixar claro que a democracia não se esgota no voto. Democracia é o cumprimento de leis, a seguridade e funcionamento de instituições, dentre outras características que ultrapassam o mero depósito do voto na urna. Foram os bolivarianos aliados do PT que deram ao processo eleitoral a palavra final sobre o destino de um pretendente ao governo. Um presidente tem sua legitimidade pelo voto, mas que só se mantém se ele seguir a lei. Uma vez que deixe esse pressuposto de lado, deve sair.

Há pelo menos três vertentes  que podem originar a queda de Dilma. O Tribunal de Contas da União pode reprovar as contas do governo. O TSE pode cassar o diploma da mandatária. A responsabilização política pelos fatos ocorridos na Petrobras pode ser dada pelo Congresso. Qualquer uma dessas hipóteses é democrática, constitucional e legal. Juristas reconhecidos como Modesto Carvalhosa e Ives Gandra Martins já entendem que as razões para um processo por crime de responsabilidade estão postas. Falar e defender isso não é golpe. Golpe é querer ficar no poder apesar da lei e ameaçar a tranquilidade do país com a convocação de “exércitos”.

Sou entusiasta do impeachment.  A administração petista é um peso morto. Um cadáver insepulto. Ela atrasa o progresso do Brasil, intoxicando a economia com sua falta de confiabilidade, e arrasta as instituições para o mar de lama que criou com o propósito de aparelhar o estado. O fim do governo Collor permitiu que Itamar Franco liderasse um governo de união nacional. Retomamos a confiança e foram dadas as condições para a criação do Plano Real. Só tiramos louros da experiência.  Um governo bandido não pode ficar no poder por medinho e pundonor de pessoas que até não gostam dele, mas que temem pelo futuro do país. Não se preocupem, nós só temos a ganhar. Quem tem a perder é o projeto de poder.

Uma entrevista com Flavio Morgenstern sobre seu livro “Por Trás da Máscara

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No Confronto, programa que ancoro na Rádio Sonora, entrevistei o escritor Flavio Morgenstern, que está lançando o livro “Por Trás da Máscara”, uma analise das manifestações de massa que toma os protestos de 2013 e os black blocs como exemplo. Falamos longamente sobre as origens, o que é uma manifestação reivindicatória, a cobertura jornalística, entre outros temas. Confiram a íntegra;

José Eduardo Cardozo é cara do petismo moderno

Essa semana, José Eduardo Cardozo esteve na CPI da Petrobras e no programa de entrevistas da jornalista Mariana Godoy, na Rede TV. Em ambas as ocasiões, espezinhou os fatos, a lógica, o bom senso e a realidade, sempre com aquela altivez dos embrulhões profissionais, usando o melhor do vocabulário para escancarar o pior da moral.

Voltou a chamar crimes de “equívocos”, como se dilapidar a maior estatal do Brasil fosse apenas um errinho, um engano cometido por um ou outro companheiro imprudente. Um Ministro da Justiça que se vale desse falatório está realmente determinado a relativizar o tamanho da roubalheira praticada. Por Twitter, perguntei  se não era trágico que ele se utilizasse desse tipo de recurso retórico. Em sua resposta, para lá de enrolada, afirmou não lembrar de ter confundido os termos. Confundiu sim. Além de eu ter ouvido, aqui está a transcrição.

Conheço poucas pessoas que conseguem unir a desfaçatez e a galhardia com o mesmo nível de profissionalismo com que Cardozo faz. E nas questões relativas à Segurança Pública ele consegue se superar. É estupefaciente observar que o responsável pelos investimentos federais em presídios use o microfone para criticar uma situação da qual ele é o responsável. O PT está há 12 anos no comando do país. Se hoje o sistema carcerário é depauperado, desumano, uma “escola do crime”, uma “masmorra”, é por culpa da incompetência do governo do próprio Ministro. Quais as ações concretas que esse senhor tomou em sua pasta para ao menos caminhar para uma modificação da atual realidade? Nenhuma. Os recursos do Fupem, o Fundo Penitenciário, continuam sendo contingenciados. Faltam vagas nos presídios e sobram entrevistas desonestas de José Eduardo Cardozo.

Em sua gênese, o petismo era boquirroto, brucutu, troglodita e suado. A melhor imagem do partido era o próprio Lula, com sua barba por fazer, seus perdigotos, sua camisa suja e desalinhada, sua fala irascível e entupida de conceitos revolucionários contra o mercado e os contratos.

O petismo pós 2002 encontra sua imagem ideal em José Eduardo Cardozo. Cardozo fala bem, gesticula em tom professoral, usa roupas alinhadas, tem postura de gerente de banco, toca piano e faz a barba. É um petista moderninho. É o petista impoluto. Mas não se engane. Por trás daquela aparência de esquerdista Mauricinho, continua escondido todo o espírito de seu partido. A sofisticação é o disfarce ideal para a mendacidade.

Sem título                O petismo sofisticado: a incompetência se junta aos acordes de piano

As razões do Deputado Osmar Terra para ser contra a redução da maioridade penal

O Deputado Osmar Terra, do PMDB, é um aguerrido combatente da descriminalização das drogas. A esquerda tem lhe movido severa oposição. É por isso que surpreendeu seu voto contra a redução da maioridade penal, matéria que foi discutida no início de julho na Câmara. Muitos eleitores, entre os quais o editor do blog, realmente se impressionaram que o nome de Terra tenha aparecido ao lado de Maria do Rosário, Jean Wyllys e Jandira Feghali, entre outros.

Por causa disso, o convidei a dar uma entrevista ao meu programa “Confronto”, na Rádio Sonora. Ele topou. Na pauta, tratamos das razões e motivações de seu posicionamento. Ainda que seja possível discordar de Osmar Terra, e na questão eu discordo frontalmente, não se pode jogá-lo no mesma vala de defensores de criminosos. Terra é contrário a redução por não ver nela uma solução para a problemática da violência. O deputado elencou medidas que trariam um resultado mais concreto em curto prazo (com as quais concordo). No player acima vocês conferem a íntegra da conversa.

A maioridade, a mágica e os reformadores

Há duas formas de encarar a redução da maioridade penal: como um instrumento mágico capaz de diminuir os indicadores de violência do país, ou como uma de muitas ações necessárias para tanto. Só a segunda maneira faz sentido. A primeira é um constructo engenhosamente idealizado pela esquerda que se posiciona contrariamente à matéria.

Não conheço uma única pessoa que defenda a alteração na legislação para jovens e acredite que ela é a solução universal dos problemas de segurança. Muito pelo contrário: são essas mesmas pessoas que mais clamam pelo fim do contingenciamento de recursos do Fundo Penitenciário, pela reforma da Lei de Execuções Penais, pelos modificativos no Código Penal, pelo aumento no investimento no policiamento de fronteira e pela revogação imediata do Estatuto do Desarmamento.

Os defensores da redução da maioridade são reformadores da conjuntura caótica que é fiadora da impunidade. Aqueles que se opõem a isso, por outro lado, são, em geral, os mesmos que são contra a construção de presídios, contra a ideia de que prender criminosos diminui a criminalidade, e entendedores de que as políticas desarmamentistas, notadamente fracassadas, devem ser ampliadas para além das armas de fogo, incluindo aí as chamadas “armas brancas”.

Se um lado quer modificações nas estruturas repressivas existentes, os outros pretendem que ostatu quo das políticas públicas atuais seja mantido ou ampliado, oferecendo como solução as abstrações de longo prazo que já viraram clichês: educação e inclusão. A tese não poderia ser mais equivocada. Primeiro, por incutir na pobreza e na ignorância a gênese da violência, o que revela um entendimento profundamente eugenista da problemática da segurança. Segundo, por ignorar os dados de ascensão social no Brasil, martelados pela própria esquerda. Desde muito tempo o país tem elevado seus padrões de vida, tirando pessoas da miséria absoluta e universalizando o ensino básico. Os índices de criminalidade, entretanto, sempre estiveram em curva ascendente, não importando os níveis sociais.

O Brasil está distante de construir um clima que garanta a tranquilidade de sua população. É por isso que a redução da maioridade é premente. Atualmente há um vácuo legal que originou uma casta de inimputáveis. A verdadeira escola do crime não são as masmorras dos presídios depauperados pela falta de investimentos, mas a cultura de que atos delituosos não encontrarão a devida e necessária resposta na lei. Gerações de brasileiros estão sendo criadas nesse caldo de impunidade desde o berço.

Muitas pessoas que não são de esquerda rejeitam a redução da maioridade por entenderem que se trata de uma resposta casuística que não produzirá efeitos. Bem, tomada de forma isolada, ela de fato não se fará sentir, mas é preciso alertá-las que a redução não é uma agenda em si, e sim uma parte da necessária modificação estrutural muito mais ampla que fará com que o Brasil deixe de ser um descampado de homicidas para se tornar um país pautado pelo império da lei. Ao contrário do que tentam projetar por meio da mídia, dos bem pensantes e dos especialistas de gaveta, todos eles interessados em manter o statu quo da impunidade, não existe mágica que possa resolver nossa violência, apenas a reforma.

Publicado no jornal Gazeta do Povo em 10/07/2015

Sem título

Muito mais do que apenas boicote

O editor Carlos Andreazza​, da Record, apontou para a estranha falta de resenhas de livros que estão sendo lançados com enorme sucesso. É o caso de “Pare de Acreditar no Governo”, do Bruno Garschagen​, que já chegou a 10 mil exemplares vendidos.

Os cadernos culturais das grandes publicações são apinhados, muito mais do que a média da redações em si, de esquerdistas, de progressistas, de gente que vê com medo a ascensão editorial de linha liberal e conservadora. Não se trata, entretanto, de mero boicote: Essas mesmas publicações continuam mantendo gente de uma irrelevância assustadora em seu quadro de colunistas por preconceito com a “direita”.

Uma imprensa mais séria, ou pelo menos uma imprensa mais plural, já teria arrebanhado para suas publicações pessoas que repercutem nas redes sociais e que tem seu trabalho divulgado por meio de livros. É o caso de Flavio Quintela, Bene Barbosa, Flavio Morgenstern, Bruno Garschagen e Rodrigo Gurgel, para ficar apenas entre aqueles que já publicaram obras que foram muito bem vendidas. Por que eles todos, e tantos outros talentos, já não possuem espaço fixo no colunismo político que dá tanto destaque para rematados medíocres como Fábio Porchat e Gregorio Duvivier, ou caquéticos lambedores de botas do governo como Jânio de Freitas? É por suas convicções? É em virtude da linha de pensamento? É por não terem espírito de manada?

A população letrada, que lê jornal, é a mesma que compra livros. O fato é que a explosão dessas publicações no mercado editorial é inversamente proporcional ao abismo da tiragem dos grandes veículos impressos, em continuada queda expressiva. O público está ávido por autores liberais e conservadores. A imprensa de esquerda, firme na sua convicção de esconder do público aquilo que ganha notoriedade nas livrarias, escolheu escrever para ninguém.

No Confronto, uma analise do jornalismo ideológico que escondeu do público os fatos jurídicos sobre a redução da maioridade

Confiram a íntegra do programa, que contou com participação do colega Eduardo Bisotto:

Hoje, no Confronto, reproduzi os comentários políticos de Carolina Bahia, Rosane de Oliveira e Josias de Souza. Os três falavam da sessão que aprovou a redução da maioridade. O discurso reproduzido por eles, que é também plasmado por muitos outros formadores de opinião da grande imprensa, é o mesmo: Cunha é um autoritário que não gosta de perder, e que manobrou de forma inconstitucional para aprovar a tese que achava certa. Os três seguiram essa mesma linha de raciocínio, escondendo do público todo o embasamento jurídico por trás da iniciativa do Presidente da Câmara. Os três atacavam Cunha como se a população estivesse indignada com o que se passou no Congresso. O mainstream do jornalismo brasileiro parece que fala para um público paralelo. Assim como Dilma, essa gente também está deslocada da realidade.

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